ESTEATOSE HEPÁTICA NÃO-ALCOÓLICA

A esteatose hepática é o acúmulo de gorduras no fígado em decorrência da obesidade. Ela também pode tem como causa o excesso de ingestão alcoólica, as hepatites, a produtos químicos tóxicos para o fígado (exposição laboral) e o uso de anabolizantes. A esteatohepatite não-alcoólica (NASH) é considerada uma expressão hepática de um estado de resistência à insulina, também chamada de Síndrome Metabólica, onde tem-se o acúmulo de ácidos graxos derivados de Triglicérides nas células do fígado.

A resistência à insulina favorece a captação e a formação de gorduras pelo fígado, inibindo também sua queima. Sua relação com a obesidade, o diabetes e as doenças cardiovasculares reside no fato de que todas estas são também manifestações da “Síndrome Metabólica”. 

Fatores de risco

A esteatose hepática possui diversos fatores de risco, como sedentarismo e hábitos alimentares pouco saudáveis, possuindo também marcadores como a presença de disfunção do endotélio vascular e acúmulo de lesões calcificadas nas paredes dos vasos. Em geral, os pacientes com esteatose são assintomáticos, porém alguns pacientes podem apresentar fadiga, mal-estar e desconforto abdominal.

A principal complicação da esteatose é a cirrose hepática, caracterizada como um processo difuso de fibrose e formação de nódulos, frequentemente acompanhado de necrose de células do fígado.

O diagnóstico da esteatose é feito através de exames de imagem como ultrasonografia, elastografia e ressonância magnética. A caracterização e análise evolutiva são feitas através de exames laboratoriais de função hepática e, em alguns casos, da biópsia hepática.

O principal tratamento não farmacológico é a mudança de hábitos alimentares e no estilo de vida, e é essencial para a efetividade do tratamento. É recomendada a prática de atividade física de 3 a 4 vezes na semana por pelo menos 150 minutos semanais, com atividades aeróbicas com intensidade de leve a moderada associadas a exercícios resistidos utilizando pesos, aparelhos ou faixas elásticas graduadas.

Cuidados com a alimentação.

Já alguns cuidados com a alimentação devem ser seguidos. Deve-se evitar alimentos que contenham xarope de milho, sacarose, gorduras trans-insaturadas, conservantes e corantes. Deve-se evitar ainda:

  • Gorduras visíveis das carnes, cortes naturalmente gordurosos (filé-mignon, picanha, cupim, costela, miúdos), frios e embutidos suínos (salsicha, presunto, bacon, salame, lingüiça, mortadela), pele de aves;
  • Excesso de carnes vermelhas em geral;
  • Leite e laticínios integrais, queijos gordurosos (tipo prato, parmesão, catupiry), iogurte integral, requeijão tradicional, etc.; opte pelos desnatados ou semi-desnatados, ou então pelo leite de soja;
  • Pães gordurosos (croissants, brioches), pães e biscoitos recheados com creme, folhados, amanteigados;
  • Bolos e biscoitos recheados, tortas, pudins, chocolates, doces à base de creme de leite, chantilly, quindim, fios de ovos, salgadinhos de pacotes, refrigerantes; 
  • alimentos enlatados, em conserva, preparações defumadas;
  • Frituras de imersão e excesso de óleos vegetais ou outros tipos de gordura no preparo dos alimentos (empanados, milanesa, etc.);
  • Molhos industrializados, banha, toucinho, óleo de palmeira (dendê) e gorduras hidrogenadas;
  • Bebidas alcoólicas.

Dentre os alimentos mais indicados para consumo de indivíduos com esteatose hepática tem-se:

  • Alimentos que são fonte de gorduras ômega-3, como peixes (sardinha, cavalinha, salmão, atum, cação), chia e linhaça (óleo ou farinha);
  • Frutas, verduras e legumes (excelentes fontes de vitaminas e minerais); procure variar nas cores: quanto maior a variedade de cores, maior a diversidade de nutrientes ingeridos; 
  • Fibras nos cardápios, pois auxiliam no bom funcionamento do intestino e no controle do colesterol: aveia, farinhas de linhaça, maracujá ou banana verde, etc.; 
  • Cereais integrais: arroz, massas e pães, quinoa, amaranto, etc.;
  • Temperos naturais: cebola, alho, limão, salsa, cebolinha, cúrcuma, manjericão, alecrim, gengibre, entre outros;
  • Leguminosas: feijão, lentilha, ervilha, grão de bico;
  • Carnes brancas: peixe, frango, peru;
  • Castanhas, nozes, amêndoas (com moderação).

Para prevenção da esteatose hepática é importante que o indivíduo mantenha um peso saudável. Caso necessite perder peso é recomendado que o faça sob orientação profissional. Medidas como evitar excesso de álcool, dieta equilibrada, peso adequado e prática regular de atividade física são essenciais para a manutenção da saúde em todos os aspectos.

REFERÊNCIAS

COBBINA, Enoch; AKHLAGHI, Fatemeh. Non-Alcoholic Fatty Liver Disease (NAFLD) – Pathogenesis, Classification, and Effect on Drug Metabolizing Enzymes and Transporters. Drug Metab Rev., v.49, 2 ed., p.197-211, 2017.

DONGIOVANNI, Paola; VALENTI, Luca. A Nutrigenomic Approach to Non-Alcoholic Fatty Liver Disease. International Journal of Molecular Science. v.18, 2017.

Sociedade Brasileira de Hepatologia. Doença hepática gordurosa não alcoólica. 2015. Disponível em: http://www.sbhepatologia.org.br/pdf/Consenso_DHGNA_da_SBH-2015.pdf. Acesso em: 15 fev. 2022.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO. Terapia Nutricional nas Doenças Hepáticas Crônicas e Insuficiência Hepática. Projeto Diretrizes, 2011.

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